domingo, 17 de outubro de 2010

Trilha dia 5: Chegada em Machupicchu

O santuário de Machupicchu é um lugar muito visitado diariamente, cheio de turistas de todos os tipos e de todas as partes do mundo. Não há limite de número de visitantes a ingressar na cidade, mas há limite de 500 pessoas por dia na Trilha Inca e os 400 primeiros que chegarem na cidade poderão obter permissão para subir a montanha de Winapicchu, e terão acesso a uma vista privilegiada das ruínas. Por causa desse limite há uma certa competição entre os turistas para chegar cedo e obter o carimbo em seu bilhete de ingresso. Os portões de acesso para subir a montanha abrem às 5h, o que faz com que as pessoas acordem muito cedo para tentar chegar antes.


Havíamos combinado com o Carlitos e com o pessoal do nosso grupo que tentaríamos o carimbo para Winapicchu e que iríamos subir caminhando pela trilha. Isso requeria que acordássemos às 4h e abriríamos mão do desayuno, pois ele só começava às 4h45, para chegar no portão antes da abertura. Porém ao acordarmos vimos as pessoas correndo pelos hotéis, competindo para sair antes e caminhar mais rápido. Decidimos que não entraríamos nesse clima, abriríamos mão de Winapicchu para tomar um café da manhã reforçado, com calma e paz, subindo a montanha de ônibus, poupando assim as pernas para caminhar durante o dia inteiro pelas ruínas Incas.


Quando chegamos na entrada de Machupicchu o pessoal já estava nos esperando, mas haviam chegado fazia somente uns 20 minutos e disseram que a caminhada tivera sido bastante dura até ali, especialmente para os joelhos, pois precisaram vencer uma elevação dos 2.500 para os quase 3.000 metros de altitude. Nossa surpresa foi que eu e a Rafa ainda conseguimos obter o carimbo de entrada a Winapicchu e, além disso, estávamos descansados para encarar um dia inteiro de exploração. Valeu muito essa decisão e também a sorte que tivemos.


Normalmente, de manhã cedo Machupicchu inteira está coberta por névoa. Entramos na cidade com o Carlito nos explicando coisas e contando a história daquele lugar e naquele momento não era possível ver muito além do perímetro do  grupo. Então, logo a neblina começou a se dissipar e revelar as muralhas da cidade, e enquanto o Carlito falava todos começavam a tirar fotos. Não tem como deixar de admirar aquela incrível obra de engenharia, construída pelos Incas no século XV.


Quando "redescoberta" pelo norte-americano Hiram Bingham, no século XX, haviam três famílias nômades morando lá. Para o Império Inca a cidade era um santuário, um refúgio especial, usado para rituais, cerimônias religiosas e abrigo aos nobres (os denominados Incas, pois o povo eram os Quechua). Eram poucas famílias que moravam na cidade, quando ela foi isolada no século XVI, com a chegada dos espanhóis. Os próprios Incas destruíram o caminho Inca de Ollantaytambo para impedir que eles chegassem à sua cidade sagrada, cuja construção ainda não estava concluída (nunca fora).


Depois de um passeio guiado pela cidade nos despedimos do amigo e guia Carlos Chuchullo, quem nos havia acompanhado e ajudado ao longo da trilha, durante os últimos 5 dias. Deixamos com ele 20 merecidos soles de regalo. Então ficamos explorando a cidade, que é enorme, durante o restante do dia. E não é mole, as ruínas, embora grandes, ainda tem outros atrativos fora delas. Por exemplo, fomos visitar a Ponte Inca, que é um longo caminho de saída da cidade, construído estrategicamente na lateral da montanha, circundando-a. Era uma espécie de rota de fuga, onde os governantes poderiam sair e impedir outros de os seguirem, pois é possível desabilitar algumas passagens.


Chegou o nosso horário de subir a montanha Winapicchu, que normalmente aparece em fotos atrás de Machupicchu. São 2 horários de entrada na trilha, duzentas pessoas entram às 8h e duzentas pessoas às 10h, horário que havíamos escolhido por normalmente não ter mais neblina. Encontrei o Alessandro na fila e entramos juntos na trilha, começamos a subir em meio à mata que cobre todo o cenário. Quando olhei para o horizonte vi uma chuva pesada cobrindo o vale e vindo em nossa direção. Lembrei que eu havia deixado com a Rafa meu anorak e eu estava com a câmera fotográfica. Iria molhar tudo pois estava sem proteção alguma contra chuva. Não demorou muito e a chuva nos atingiu. Eu teria que abortar a "missão" e voltar para as ruínas, se quisesse garantir as fotos e vídeos que havíamos feito até então. Lamentei, mas tive que desistir de subir Winapicchu. O Leonardo e o Alessandro subiram e disseram valer muito o esforço da pesada subida. Capturaram ótimas fotos lá.


Outro lugar bacana de visitar é a porta do sol, por onde o Caminho Inca chega à cidade por cima das montanhas. De lá tem-se uma visão incrível das ruínas, dos vales e montanhas e até da cidadezinha de Águas Calientes, lá embaixo ao lado do rio. Eu e a Rafa subimos na metade da tarde e quando chegamos haviam muitos idosos alemães sentados admirando a linda vista. Também ficamos um bom tempo por lá.


Já no final da tarde voltamos às ruínas e encontramos o restante do pessoal do grupo e até alguns de outros grupos da trilha Salkantay. Depois de dias caminhando juntos todos tornam-se conhecidos. Voltamos com eles para Águas Calientes de ônibus, pois as coxas já estavam muito bambas de explorar Machupicchu. Voltaríamos para Cuzco de trem, às 19h30, mas antes disso deu tempo de passar em um restaurante com o pessoal para jantar.


O trem nos levou até Ollantaytambo, então apanhamos uma van até Cuzco, que nos deixou na Plaza de Armas. Voltamos ao mesmo hostel Camilah Lodge, onde havíamos deixado algumas coisas que não precisáramos na trilha. Depois disso tudo precisávamos de um banho quente e de uma boa noite de sono para poder seguir viagem no outro dia.


Cansados, de coxas bambas, mas felizes da vida depois dessa intensa experiência que durou 5 dias...

6 comentários:

  1. Fotos Lindas!!!!
    Seria essa uma expedição do Discovery Channel ou National Geografic??? rs..

    A foto do trem e uma pessoa olhando pela janela ficou Muuuito boa!!!

    Parabéns!!!

    Abraços!!

    Japa!!!

    ResponderExcluir
  2. Oie casal! Essa última foto do post, eu tenho uma aí tb, iééé! Mas sofri, viu.. Rafa, vc tá viva?! Rs!

    O Jean, sempre empolgadão :)

    Show de imagens e belo texto. Tô adorando acompanhá-los. Bjos!

    ResponderExcluir
  3. Isso é o que pode se chamar de paisagem fotogênica!

    Sensacional!!!!

    Grande abraço

    Hélio Teixeira

    ResponderExcluir
  4. Fixx... parabéns, pela sorte não tão sortuda, e pela oportunidade de visitar lugares tão belos.
    abração!
    RenatoMM

    ResponderExcluir
  5. Olá Rafahela e Jean,

    adorei a descrição da viagem de vocês!
    Eu e meu namorado vamos para o Peru em julho desse ano e estamos procurando agências de viagem seguras e confiáveis para nos guiar/acompanhar na Trilha Salcantay. Gostaria de saber por qual agência vocês fizeram a caminhada, pois pelo visto vocês tiveram uma ótima experiência!

    Obrigada,
    Mônica Poggiali

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Mônica,

      Sim, foi uma trilha muito bacana, mas você tem que estar preparada pois é também bastante dura...

      Fomos com a El Dourado, uma empresa brasileira que tinha ótimos guias lá em Cuzco. Você pode pegar a referência no seguinte post:

      http://decoxasbambas.blogspot.com.br/2010/09/ate-machupicchu-pela-trilha-do-monte.html

      Abraço e boa trilha! ;-)

      Excluir