domingo, 10 de outubro de 2010

Puno a Porta de Entrada ao Peru

Vindo da Bolívia, pelo Titicaca, a primeira cidade peruana é Puno que foi construída na região noroeste do lago. Chegamos lá a noite e o ônibus nos deixou na porta do hostel. Nele mesmo já compramos um "pacote turístico" para o próximo dia, que incluía visita às Islas Flotantes e à Isla Taquile.


As Islas Flotantes (ilhas flutuantes) de Uros são bem conhecidas mundialmente e estão localizadas em uma região de baixa profundidade (2 metros) do lago Titicaca, onde cresce uma vegetação chamada Totora, usada para construir as ilhas, casas, utensílios e também como alimento (sim, comemos). Estávamos loucos para conhecê-las pessoalmente. Uma van nos apanhou no hotel e nos deixou no porto de Puno. Apanhamos uma embarcação que saiu em direção às 60 ilhas existentes, mas com o ojetivo de visitar somente uma delas.


Elas surgiram na época do império Inca, com a perseguição aos povos Uros, que se refugiaram no Titicaca pois os Incas não eram bons navegadores. Cada ilha dura aproximadamente 100 anos, mas precisam de manutenção constante já que o totora se decompõem. Elas ficam "ancoradas" entre 20 a 30 metros umas das outras, às margens de um canal de totoras.


Cada ilha tem algumas famílias vivendo, chegando a até 25 pessoas, e um presidente, que é a pessoa responsável pela administração da ilha, juntamente com sua esposa. As pessoas que vivem lá tem muitos problemas com reumatismo e artrite, devido a alta humidade, e por isso fazem suas casas um pouco mais elevadas sobre a ilha. Além da totora, as pessoas se alimentam também de pescado e de coisas cultivadas na pequena ilha, que tem uma espécie de lago no centro, para a criação de peixes, e algumas hortas ao lado de cada casinha. É uma vida comunitária, na qual trocam o que produzem e compram o que precisam com o dinheiro arrecadado com o turismo, que é hoje a segunda principal atividade.


E você percebe isso, pois quando chega lá as coisas já estão organizadas no formato de um passeio turístico, com tur pela ilha, visita às casas, apresentação dos costumes e técnicas utilizadas, venda de artesanato local e passeio de barco Totora (que eles chamam de mercedes benz). Apesar do lugar já ter incorporado esse ciclo turístico, vale muito a pena conhecê-lo!


Então, a partir deste lugar a embarcação cai com a cara no Titicaca, em uma viagem de três horas até a ilha Taquile. É uma viagem longa e a ilha é enorme. Chegando lá dá tempo somente de almoçar e ver alguns detalhes do local, da cultura e costumes daquela gente. Logo é preciso tomar o barco de volta pois a partir de certa hora fica perigoso navegar no Titicaca por causa dos ventos.


Foi um pouco frustrante a visita à ilha Taquile devido ao longo tempo de viagem para chegar (e voltar) nela e o pouco tempo para visitação. Deu só para ver um pouco das construções, e nos levaram para uma espécie de praça onde vendem artesanato e fazem uma apresentação aos turistas (não gosto de ser tratado como turista! ;-)). Depois fomos almoçar e logo em seguida já estava na hora de voltarmos, pois o barco precisa chegar antes de anoitecer. Muitos do grupo que estava conosco não gostaram quando souberam que não visitaríamos as ruínas da ilha, que dizem ser muito bonito, e queriam que o guia nos levasse lá. Até chegarem em um acordo sobre os perigos de ficar mais tempo lá já se passou mais de uma hora, resultado, fomos no último barco a deixar a ilha.


E o tempo começou a ficar feio, um temporal a nossa frente, com um tal de Titicaca de 280 metros de profundidade abaixo e as ondas que começaram a aumentar por causa do vento forte que soprava. E eu no teto do barquinho, sozinho, torcendo para que as ondas não o inundassem, pois contei somente 6 coletes salva-vidas, já estava fazendo planos de como seria nadar até a ilha mais próxima, com minha mochila nas costas e levando a Rafa junto... ;-) Coitado do capitão, que fazia uma força danada no leme do barco para mantê-lo a favor das ondas, algumas já passavam sobre a proa do barco. Derrepente o tempo começou a melhorar e aos poucos o lago ficou tranquilo, mas a noite chegou e ficou difícil navegar com um único farol sendo ligado poucas vezes para economizar bateria. Então chegamos, abaixo de chuva e na escuridão, sorte que havíamos levado uma lanterna, que ajudou muitos a sair do barco.


Assim nos despedimos do lindo Titicaca! Tudo isso faz parte da viagem e a deixa ainda mais marcante... Voltando para o hostel, logo em seguida partimos para Cusco na companhia do Jesse. Viajamos durante a noite toda, chegando lá antes do amanhecer, com festinha logo em seguida! ;-)

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