sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Trilha dia 3: Banho nas Águas Termais de Santa Tereza

Novamente o dia começou lindo, com sol brilhante e céu azul. Saímos cedo do acampamento, creio que fomos o primeiro grupo a deixá-lo. Descemos até o rio Urubamba e o atravessamos. Então a trilha segue o vale, ao lado do rio. A partir do terceiro dia a trilha do Salkantay torna-se mais amena, pois são só 10 quilômetros diários, a maioria a descer, em baixa altitude e com a mata e o rio nos acompanhando.


Antes de colocar o pé na trilha nos despedimos do ajudante Fidel, onde cada um do grupo deu 10 soles de regalo, que retornou à trilha para levar os burricos e os equipamentos de volta. É costume dar uma ajuda de custos para o cozinheiro, o ajudante e o guia, na despedida, pois o que as agências pagam a eles não é justo pelo esforço feito, e também como gratidão pelo apoio pois sem eles as coisas seriam bem mais difíceis.


Cerca de duas ou três horas de caminhada e o dia que estava lindo mudou, voltou a chover. Nas montanhas não existe previsão do tempo que funcione, de uma hora para a outra tudo muda. Mas tudo bem, a pior parte já havia sido superada.


Em trilhas longas é preciso tomar muito cuidado com pelo menos quatro coisas: 1) Bolhas nos pés - Um calçado bom e já usado faz diferença, mas também é indispensável uma boa meia, de preferência com alguma tecnologia tipo Gore-Tex ou Coolmax que não deixe os pés úmidos. 2) Cuidado com a coluna - Nesse caso uma boa mochila, acolchoada e com cinta faz diferença, pois você poderá tirar o peso dos ombros e protegerá as costas. Bastões de caminhada podem parecer frescura, mas no final da trilha farão toda a diferença e também servirão como estabilizador durante a caminhada. 3) Cuidado com os joelhos - Principalmente nas descidas é importante não dar trancos nos joelhos, pois depois de um dia inteiro caminhando você poderá não levantar no dia seguinte. O bastão de caminhada também ajudará a protegê-los. 4) Usar roupa impermeável - Ficar molhado na trilha será um problemão e poderá prejudicar o desempenho e a saúde. Além de que pés molhados resultam em bolhas. Importante também a mochila ter proteção, para não molhar suas coisas.


Depois de algumas horas caminhando, chegamos com o sol brilhando no início de uma estrada de terra, onde uma van estava nos aguardando. Decidimos não ir caminhando nessa estrada pois não é nada agradável comer poeira a cada carro que passa, além do risco de algum acidente. A van nos levou a um povoado chamado Santa Tereza, onde o acampamento já estava montado. Esse povoado foi totalmente destruído em 1997, quando o rio Urubamba encheu demais por causa das chuvas em excesso e arrastou tudo. Foi reconstruído um pouco mais acima no nível do rio, mas a situação lá ainda é um pouco precária.


Deixamos as mochilas no acampamento e fomos para os banhos termais, cujas fontes ficam na margem do rio. Durante as enchentes que ocorreram em toda a região, em janeiro desse ano, as termas foram destruídas novamente e até então foi restaurado somente o poço maior. Por esse motivo não estão mais nem cobrando o ingresso, pois tudo ainda está em ruínas. Mas acredite, foi maravilhoso um mergulho em uma fonte natural quente, depois de dias caminhando e sem tomar banho. Voltamos ao acampamento renovados!


O acampamento ficava no pátio de uma pousada que ainda estava em construção. Nela só havia um quarto disponível. Depois de três dias caminhando estávamos precisando descansar bem, então "trapaceamos" e decidimos não dormir na barraca, alugamos o quarto juntamente com o Alessandro e a Luana. Foi a melhor decisão que poderíamos ter tomado, pois durante a noite choveu muito e inundou a maioria das barracas do acampamento. No outro dia o pessoal estava reclamando que haviam dormido mal e/ou que suas coisas tinham molhado. E nós secos e descansados, ah, e de banho (quente) tomado! ;-)


As coxas continuam bambas, e agora os joelhos e os pés também estão um pouco doloridos, mas tudo está indo muito bem...

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