quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Trilha dia 2: Vencemos o Salkantay

O sol raiou lindo e lá pelas 5h da manhã começaram os movimentos no acampamento. O Fidel, auxiliar do nosso cozinheiro Juvenal, nos acordou com um chá quente servido na porta da nossa barraca. Percebemos os estragos da trilha e da altitude, até então, quando vimos algumas pessoas passando mal ou que já haviam desistido. Arrumamos as mochilas, tomamos nosso desayuno e logo começamos a caminhada em direção ao Salkantay, antes que o sol atingisse a nossa trilha.


No início a trilha estava fácil, pois a inclinação era pequena. Logo que o sol nos atingiu começamos a tirar as várias camadas de roupas. É impressionante como nessa região o clima muda rapidamente, às vezes em questão de minutos ou metros. Você sempre tem que estar com uma blusa ou anorak à mão.


Logo chegou a pior parte da viagem, subir a montanha. Estávamos a 3.600 metros de altitude quando a trilha começou, e logo iniciou seu zigue-zague na montanha rumo aos 4.600 metros. O corpo inteiro sente e cada passo torna-se uma luta. Para piorar o ar vai ficando rarefeito e o pulmão parece uma gaita fole. Não demorou muito e mais algumas pessoas jogaram a toalha e pediram um cavalo.


E lá vem os burricos, coitados, carregando todo o equipamento do acampamento. Eles e os carregadores deixam o acampamento depois de todos, e chegam antes de todos no próximo ponto. Imagine o que passam já que essa é sua rotina diária. Não é raro encontrar o esqueleto de algum, cuja montanha tenha "tomado a vida".


Depois de algumas horas subindo, passamos por uma linda lagoa fomada pelo degelo, paramos para descansar e sacar umas fotos. Mais um pouco e chegamos em 'El Paso', o lugar mais alto do Salkantay, que nós, mortais trilheiros, pudemos atingir. Lá tem uma placa indicando a altitude: 4.600 metros acima do nível do mar. Foi uma vitória, comemorada com fotos e as mãos enterradas na neve gelada da montanha!


Retomamos a trilha com mais empolgação, pois daí para a frente era só descida. Com muitas pedras no caminho, então, cuidado com os joelhos, precisamos chegar em Matchupicchu! Descemos acompanhando a cadeia do Salkantay, tirando muitas fotos. De repente, pingos dágua. Oh, oh... Apressa o passo até o acampamento, para almoçar antes da chuva cair.


Mal deu tempo de almoçarmos e a chuva chegou. Puxa poncho, veste anorak, e lá fomos nós na direção de um vale sob uma chuva calma, que por causa da baixa temperatura começou a congelar. Neve! Quanto mais descíamos ia também mudando a paisagem. A aridez foi dando lugar a uma floresta, no início rala como um cerrado brasileiro, mas quanto mais andávamos, mais a floresta engrossava. E a chuva continuava...


Andamos por horas, descendo um vale imenso, cortando a floresta, com a chuvinha caindo. Mas o ar ficava cada vez melhor de respirar! Até que, quase não aguentando mais, no final do dia surge o bendito acampamento que fica no entroncamento de cinco vales, a 2.800 metros de altitude. Ufa! Foram mais 18 quilometros de caminhada, mas dessa vez sentimos muito pois a subida do Salkantay judiou.


Logo o acampamento foi ficando cheio, com as pessoas dos outros grupos chegando. Uns bem, outros arrastando-se. Nosso grupo estava inteiro, apesar do cansaço. O Juvenal já estava nos esperando com o jantar quase pronto. Fomos dormir cedo, mais uma vez sem banho, pois encarar uma água gelada naquela altura não ajudaria muito.


O Apu Salkantay ficou para trás, nas lembranças e nas fotos. Essa contaremos aos netos!


E las coxitas? Están bambitas... ;-)

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